A população de Pilões convive faz alguns meses com mais um racionamento d'água. Num dia, os operadores da Cagepa liberam água para a Rua Norberto Baracuhy e adjacentes; no outro, para a Cônego Teodomiro e vizinhanças. Mesmo com esse controle nem todas as residências são atendidas pela água, dada a falta de pressão na rede de distribuição. Um lamentável exemplo é a Escola Estadual Antonieta Correa de Menezes que muitas vezes não serve merenda por absoluta falta d'água.
O problema não é recente. O manancial que abastece a zona urbana encontra-se totalmente assoreado de há muito tempo. A última vez que foi realizada uma dragagem da 'barragem' foi lá pelos anos 70 - 80 do século passado. Naquela época a bacia hidrográfica já estava totalmente comprometida pela remoção da vegetação, o que além de prejudicar a captação de água acelerou o processo de assoreamento. Por outro lado, a população urbana cresceu muito nesses últimos 30 - 40 anos; saímos de uma situação em que mais de 80% da população residia na zona rural, para uma posição de quase equilíbrio; - o senso de 2010 do IBGE identificou um, digamos, empate técnico entre os dois núcleos populacionais. A tendência já vinha sendo percebida nos últimos sensos do Instituto: em 2000 a população rural já contava com menos de 58%.
A partir 2010, período do último senso, a tendência se aprofundou ainda mais. Na realidade, o senso de 2010 foi realizado durante um ciclo de êxodo rural muito intenso. O mais forte processo de abandono do campo da história de Pilões, para ser exato. Nos últimos anos um bairro inteiro surgiu como num passe de mágica. E não é um bairro qualquer, é uma concentração habitacional que já rivaliza com o Petrônio Cunha, que é o bairro mais habitado da cidade. O conjunto Amando Cunha - ou Bela Vista, como querem muitos - caminha para ser o segundo maior bairro de Pilões.
Matar a sede de uma população que cresce em um ritmo cada vez maior com um manancial em flagrante declínio é algo que se mostra impossível.
Se buscarmos um culpado pela situação chegaremos fatalmente a todos nós, classe política, que tocamos os destinos da cidade nestes últimos 30 anos. É, originalmente, uma responsabilidade do Governo do Estado e de sua estatal CAGEPA, mas a situação denuncia fraqueza de nós políticos; de todos nós, sem exceção.
Achar que a dragagem da barragem do engenho Riachão vá resolver o problema é querer fugir dele. Na realidade, "Riachão" não tem mais potencial para abastecer Pilões, dragá-lo resolve parte do problema, e de forma temporária. A solução definitiva seria represar o Araçagi-mirim na altura do Engenho Boa-Fé, ou na divisa do Município de Pilões com Serraria, formando um grande reservatório. Outra solução - esta mais barata e mais segura - seria construir uma adutora que trouxesse a água da barragem de Areia até a Chã de Pau d'Arco, onde deveria ser instalada a Estação de Tratamento, e de lá, enviada para a cidade.
A vantagem do tratamento da água na Chã de Pau d'Arco é dar opções de atendimento de uma boa parcela da população rural do Município. Chã de Pau d'Arco, Cantinhos, Mercês, São Francisco e Pinturas - juntas - concentram mais da metade da população rural de Pilões.
Outra maneira de trazer a água da barragem de Areia até Pilões é através da construção de uma adutora que transpasse a 'garganta' que separa o cristalino que forma a Chã de Pau d'Árco da serra de Fernando Show, em direção à antiga barragem de Pinturas. Essa solução, ao que me parece, não necessitaria da instalação de uma Estação Elevatória para trazer a água bruta até as imediações da zona urbana, o que baratearia o projeto e a manutenção do mesmo. A desvantagem é que ela não permite atender a tanta gente na zona rural.
Claro que tudo que foi dito aqui é pura especulação. Inclusive as idéias aqui expostas foram 'asseguradas' pelo instrumento mais impreciso de que dispõe o ser humano: o olhômetro. E o olhômetro só nos permite devagar sobre as coisas, apenas isso. Foi o que eu fiz aqui.
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