sábado, 29 de agosto de 2009

PILÕES, DA SESMARIA À EMANCIPAÇÃO.

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A conquista do território da Paraíba pelos portugueses iniciou-se pelo litoral. Daí se formou o núcleo de penetração e de domínio comercial da região de Mamanguape. O território de Pilões foi abrangido por esta área de influência de onde partiram os desbravadores que, subindo os rios Araçagi e Araçagi-Mirim, povoaram o vale onde hoje fica o município de Pilões. O mecanismo que determinou esse povoamento não difere muito dos de outros interiores da Paraíba e do Brasil: realizada usando os rios como caminhos para o interior.
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É de 1716 a doação de uma sesmaria de nove léguas pelo Araçagi-Mirim, a começar da cachoeira onde esse faz barra com o Araçagi-Grande até o curimataú. Dessa sesmaria não nos restaram nomes de donatários, apenas que eram portugueses moradores de Mamanguape. Constam como primeiros povoadores do território de Pilões os Arouxas e Abreus. Desses também não restaram descendentes o que nos faz crer que foram absorvidos por famílias mais ilustres ou, tratava-se de meros agentes de donatários.
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Nas primeiras décadas do século XIX já era bastante denso o povoado. Em 1815 - com a criação do Termo de Areia - Pilões passou a povoado daquele município, saindo da tutela de Mamanguape. É dessa época um fato que mostra o nascedouro da personalidade forte do povo dessas bandas: em 1818 o comandante do povoamento de Pilões reclama da nomeação do Capitão Mor de Areia, acusando-o de analfabeto e testa-de-ferro de partidos lusitanos contra os nacionais. Esse ato retrata bem o momento pré-independência vivido pelo Brasil da época. Ressalta, também, o sentimento nacionalista dos habitantes do povoado.
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Pilões passou a pertencer ao recém-criado município de Areia. Mas, são de Mamanguape as principais famílias que deram consistência na formação que se consolidou aqui. João Crisóstomos, Marcelino de Menezes Lira, José Leandro Correia da Costa, João Cavalcanti (avô materno do Presidente João Pereira de Castro Pinto), José da Costa Lira, Inácio Gomes Coitinho, os Miranda Henriques, os Pereira de Melo, os Correia de Oliveira; do Seridó vieram os Pereira da Cunha; das Alagoas, veio o senhor Rufo Correia Lima. Dessa cepa de desbravadores forjou-se a matriz da gente pilonense.
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A Corografia de Beaurepaire Rohan, de 1860, descreve Pilões como povoado de Areia vivendo da lavoura, com uma capela erguida sobre um terreno doado por João Cavalcanti, e uma escola do sexo masculino. A capela deu lugar, em 1876, a uma Matriz da freguesia sob inspiração do Padre Ibiapina; a escola, cujo primeiro regente foi o padre Victor, depois de fechar e abrir por várias vezes, fixou-se definitivamente em 1884.
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A lei provicial nº 775, de 04 de dezembro de 1883, desmembra o povoado de Pilões da tutela de Areia passando-o à condição de município de mesmo nome e sede no povoado de Pilões. Serraria passou a fazer parte do novo município na condição de distrito. Assim caminhou até que a lei nº 8, de organização judiciária, de dezembro de 1892, promulgada pelo Presidente Álvaro Machado suprimia, no artigo 67, o termo de Pilões. Após mais de oito anos de independência Pilões volta à condição de subalterno, - teve seu território restituído ao Termo de Areia. Foi por terra o esforço do padre e deputado Luiz Buriti, primeiro vigário da Matriz do povoado de Pilões.
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O padre e depois deputado Francisco Targino, vigário de Pilões, aproveitando um momento de fragilidade das lideraças de Areia, encabeçou um movimento que culminou com a lei nº 26 de 02 de março de 1895, assinada pelo mesmo Álvaro Marchado, retornando Pilões à condição de município com sede no povoado do mesmo nome e integrado, também, pelo povoado de Serraria. A liberdade mais uma vez foi efêmera. O padre Targino entrou em choque com lideranças do município e ausentou-se soltando pragas e ameaças ao povo. Não tardou e as pragas alcançaram os pilonenses. A lei n.º 80 de 13 de Abril de 1897, assinada pelo presidente Gama e Melo, transferia a vila e sede do município de Pilões para a povoação de Serraria. Essa condição durou até que a lei estadual nº 916, de 20 de agosto de 1953, devolveu a Pilões a condição de município emancipado. O governo de Pilões foi instalado em 01 de janeiro de 1954 tendo o senhor Amando Xavier Pereira da Cunha como seu primeiro prefeito nomeado.
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Durante o período em que Pilões foi distrito de Serraria vários cidadãos daqui tornaram-se prefeito do município. Entre eles os senhores Francisco Rufo, Benjamim Sobrinho, Severino Correia, Hermes da Costa Lira, Ananias Baracuhy. Também nesse intervalo o distrito de Pilões mudou várias vezes de nome: de 1936 a novembro de 1938 Pilões passou à denominação de Pilões de Dentro. Pela lei estadual nº 1164, de 15 de novembro de 1938, o distrito de Pilões passou a denominar-se Entre Rios. E assim permaneceu até que o decreto-lei estadual nº 520, de 31 de dezembro de 1943, devolveu-lhe a antiga denominação de Pilões.
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A saga desse pequeno município do Brejo Paraibano forjou uma gente altiva e determinada. Pilões sempre foi destaque no cenário estadual, com filhos ilustres e participantes da vida política paraibana.
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NOTAS DO AUTOR:
Texto ecrito por GUILHARDO CASTRO [guilhardocastro@gmail.com].
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