Na manhã do dia 1º de novembro de 1755 - dia de todos os santos -, por volta das 9 horas, Lisboa foi sacudida por um sismo violento, seguido de um tsuname com ondas de até 10 metros e incêndios devastadores. Em poucos minutos a bela capital lusitana se transformou em escombros, e ardeu em chamas por semanas a fio. O sismo foi sentido em toda Europa e África, do Mediterrâneo ao Atlântico sul. Foi um evento de magnitudes colossais que abalou a sociedade européia da época, mudando conceitos e tradições, traçando novos rumos políticos e filosóficos, derrubando crenças e mitos.
O mundo atravessava momentos de grandes transformações, com a chamada 'Revolução Industrial' ainda engatinhando e o movimento iluminista dando seus passos mais significativos. Portugal era uma potência econômica e intelectual da Europa absolutista; o catolicismo, particularmente forte entre os portugueses - povo extremamente apegado à religião que professava. E acontecer uma catástrofe dessa magnitude justo nesse país, e mais, num dia santo para a Igreja? Só poderia ser um castigo divino, ou no mínimo um aviso do além! (Iigreja do Carmo, ainda hoje em ruínas)
A terra em que cada ser vivente pisa nada mais é do que um imenso bloco de rochas sólidas que flutua sobre um manto de rochas derretidas - 'navegamos' sobre esse mar de lavas a uma velocidade média de três centímetros por ano. É pequena, percebe-se, mas suficientemente poderosa para moldar a superfície terrestre. O contato desses blocos entre si provoca grandes vibrações, a que chamamos de terremoto. Quem habita as bordas desses blocos - ou mora próximo a elas - sofre mais intensamente as consequências desse fenômeno devastador. (Teoria da deriva continental, ou simplesmente tectônica de placas).
É o que acontece com Portugal. Aquele pequeno país, como um todo, 'mora' perto da borda de uma dessas placas tectônicas, causa de terremotos. Os especialistas no assunto não chegaram a um consenso sobre o local do sismo, mas concordaram que ele aconteceu no Atlântico, em qualquer lugar sobre a linha média que separa a Europa da África, num ponto entre o Mediterrâneo e o mar aberto. E não foi o primeiro terremoto sofrido por Lisboa, nem seria o último. A região é potencialmente propensa a esse tipo de evento natural. O dado é que aquele não foi um terremoto qualquer. Aquele foi 'O Terremoto de Lisboa'.
Relatos históricos dão conta que após o terremoto os moradores assustados correram em massa até a parte baixa de Lisboa, junto ao cais do porto, perto do palácio real em ruínas, e lá puderam ver o recuo das águas que deixaram o fundo do Tejo à mostra, onde ficaram expostos velhos navios outrora naufragados. O recuo das águas era o sinal de um tsuname os atingiu em cheio, matando-os a todos.
Relatos históricos dão conta que após o terremoto os moradores assustados correram em massa até a parte baixa de Lisboa, junto ao cais do porto, perto do palácio real em ruínas, e lá puderam ver o recuo das águas que deixaram o fundo do Tejo à mostra, onde ficaram expostos velhos navios outrora naufragados. O recuo das águas era o sinal de um tsuname os atingiu em cheio, matando-os a todos.
O mesmo terremoto que destruiu milhares de vidas e uma cidade por inteiro, paradoxalmente fez surgir uma das personalidades mais marcantes da história mundial: deu ao aristocrata Sebastião José de Carvalho e Melo a oportunidade de se transformar no cultuado Marquês de Pombal. (Pintura no lado direito)
Sebastião José, que ainda não tinha o título pelo qual passou à história (virou Marquês de Pombal em 1770), foi o principal Ministro de D. José I, rei de Portugal à época do terremoto, e coube a ele conduzir a reconstrução da cidade. Foi eficiente e eficaz no desafio. Em pouco mais de um ano quase toda Lisboa estava de pé, novinha em folha. A participação do Ministro foi tão forte, tão marcante que o conjunto de construções erguidas no local onde ficava o Paço da Ribeira - residência dos reis de Portugal destruída pelo terremoto e o tsuname - e terrenos vizinhos ficou conhecido, também, como Baixa Pombalina. (4ª e 5ª imagem)
O Marquês ganhou prestígio e mais poder junto ao rei, e utilizou isso para combater a aristocracia e os jesuítas que eram contrários às suas medidas de modernização de Portugal. Some-se a este prestígio um fato que pontilhou a história desse reino, e fez brotar com maior nitidez o quanto ainda era absolutista aquele déspota esclarecido: a tentativa de regicídio contra D. José I que levou o Marquês de Pombal a perpetrar uma verdadeira atrocidade contra toda uma linhagem de nobres portugueses - o "Processo dos Távora", história que eu conto depois.
Imagens e dados pertencem a:
Galeria de BockBilbo (http://farm1.staticflickr.com/149/415494662_12cb4eb6cf_m.jpg)
http://www.eb23-cmdt-conceicao-silva.rcts.pt/sev/hgp/11.baixa_pombalina.jpg
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjShI_jzzLeLGyCeRTTzeAxjcq2bpPtTkDJ9q_MOGEtHazS9ky7O8ULBQJPwt8eZcyzvpE9y42QCbIpHurCPz6RppZT1vjcxZb6S9e4YT7I6iexRU0_wsjogEmpHMMAUUKOor5nQvxYpos/s1600/espirito-das-luzes.jpg
NOTA: Não tenho formação em História. De tal sote que as informações aqui constantes devem ser confrontadas com os registros acadêmicos e livros de História. Localizando qualquer dado errado favor corrigi-lo através de um cometário. Obrigado!
NOTA: Não tenho formação em História. De tal sote que as informações aqui constantes devem ser confrontadas com os registros acadêmicos e livros de História. Localizando qualquer dado errado favor corrigi-lo através de um cometário. Obrigado!
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