sábado, 22 de dezembro de 2012

FADO, SAUDADES E PORTUGAL

Dizem que é o mar o grande responsável pela saudade que se derrama por todo Portugal. Pode ser. Afinal, quem nasce na terra de Camões tem como varanda a borda do Atlântico e todo um céu aberto para se debruçar sobre a vida.

Portugal fica espremido entre Espanha e o Atlântico e desde sempre estendeu seu olhar na direção do mar infinito buscando a própria essência. Mesmo antes de Os Lusíadas, Portugal já cantava o além-mar, suas incertezas, desencantos e toda tristeza nele existente. Fez da melancolia e da saudade sua alma.

O fado é a síntese de tudo isso. É a alma portuguesa desnuda e de olhar distante. O fado é a própria expressão da saudade: para ouvi-lo é necessário que se tenha muito controle sobre suas emoções.

Um fado emblemático é "Ó gente da minha terra" da cepa de Amália Rodrigues, mas magnificamente interpretado por Mariza - fadista da nova safra - que chegou às lágrimas diante de uma multidão de mais de 25 mil pessoas no largo da belíssima Torre de Belém. Ela não suportou quando chegou ao seguinte verso:

Ó gente da minha terra
Agora é que eu percebi
Esta tristeza que trago
Foi de vós que recebi

Estive em Portugal em duas oportunidades. Passei momentos inesquecíveis numa casa de fado do Chiado flertando com a saudade e tomando um bom Porto Ferreira. Que noite maravilhosa! Naquela noite quase manhã eu ouvi um belo poema musicado de Ary dos Santos cantado por uma fadista que me fez chorar. O poema era "Estrela da Tarde", originalmente gravado por Carlos do Carmo.  Ouça aqui!

Imagem (FONTE): http://www.travelvivi.com/visiting-portugal/

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