sábado, 14 de maio de 2011

ESPAÇO POESIA

SONETO
Alberto da Costa e Silva

Voltada sobre o pano, a moça borda
a infância e seus jardins, os diaS claros,
as despedidas na pOnte dos poentes,
a magia da noite, os seus cavalos.

Como evitar a morte, a mão que borda,
ao sereno lençol que, nu, aguarda
a forma de seu sonho, humilde, indaga,
senão amando e se tornando amada?

O fio sompõe a lenda, sobre o linho,
do capim trescalante e o rio da tarde
que banhava a colina e os dois amantes.

Mas, por saber no amor eternizado
o que a morte vencer não pode mais,
a mão desfaz os pontos já bordados.

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ALBERTO VASCONCELLOS DA COSTA E SILVA é um poete, ensaista, romancista, diplomata brasileiro nascido no Estado de São Paulo. É membro da Academia Brasileira de Letras desde 2000.

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