A colina que fica por traz da casa grande do engenho Boa-Fé foi varrida pelo fogo na manhã dessa terça-feira. Dizem que um colono tentou limpar seu roçado com fogo - prática reprovável, mas muito comum em Pilões - e perdeu o controle das chamas, que invadiram o pouco de mata que ainda resta naquele local.
Esse tem sido o verão mais rigoroso em nosso município nos últimos tempos. Estou com 51 anos e nunca vi uma paisagem tão cinza em Pilões. A vegetação, naturalmente verde durante todo o ano, apresenta um aspecto comum à região de Arara. A partir de Cuitegi, passando por Ouricuri, Titara, Boa-Fé, Pintura, entrando em direção ao município de Areia, tudo está num cinza sertanejo total. Só após a antiga Usina Santa Maria a situação muda. Lá, o verde ainda resiste.
A situação é tão extrema que raro é o dia em que não há um incêndio em algum lugar do território pilonense. Quase toda a mata que margeia a Ladeira do Espinho já queimou. Na semana passada a reserva florestal do Assentamento Redenção (antigo engenho Cantinhos) ardeu em chamas. Na última sexta-feira uma encosta do antigo engenho Espinho - uma área que fica no outro lado do rio e que pertence ao município de Cuitegi - queimava em pleno dia. Junto a Cuitegi, na região conhecida por Palmeira, o fogo varreu o topo da montanha durante vários dias.
Em quase todos esses incêndios não existe um culpado, seguramente todos eles são frutos da falta de responsabilidade ambiental de toda a população. A maioria tem início com uma ponta de cigarro jogada irresponsavelmente pela janela do carro; outros por falta de habilidade de pequenos produtores rurais, como é o caso desse do engenho Boa-Fé, e, provavelmente do que dizimou a reserva do Assentamento Redenção.
A impressão que tenho é que tanto o vale do rio Araçagi-Mirim e, principalmente, o do rio Araçagi estão virando um curimataú, literalmente. Se não chuver nos próximos trinta dias a situação ficará insustentável.
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